Wednesday, November 14, 2007

 

Pariu uma lua...

Uma flauta que beija narcisos.
Um corpo celeste que estanca uma ferida com estrelas.
Um noite tão negra, tão negra que pariu uma lua cheia.
Um carro que segue à minha frente tem olhos vermelhos que piscam.
Numa janela há luz fosca, doce e uma cortina que em forma de véu agasalha o que lá dentro de passa. Tenho vergonha de espreitar. É um segredo que fica verdadeiro.
Quatro rapazes caminham na rua.
Folhas secas divagam com eles.
Na minha rua, uma criança sorrateira prega sustos.
O velhote da mercearia espera por algo que não vem. Diz que os anos passam, começam no Carnaval, passam pela Páscoa, pelo Agosto e acabam no Natal. Parece que se entrega ao desapontamento mas os seus olhos azuis não mentem e esperam sempre por um bom dia ou por uma boa noite. E eu dou sempre que posso.
Uma mulher de vestido verde e dourado, descalça e de pé numa das estátuas da fonte do rossio. Tenho a certeza que faz parte de um sonho luminoso, de águas que recusam acordar. Por vezes o romance mascara-se de loucura. E eu adoro desvendar máscaras.
A máscara da graciosidade…delicada, simples, imbuída em purpurina que alimenta a retina num caminhar de mãos dadas.
Esta noite ofereci castanhas quentes.

A ouvir: Love will tear us apart control... A ver: Control

:** agradecimento a quem me lembra de fadas em fontes e partilha castanhas quentes num banco qualquer do rossio vista para o gremio, onde mensagens escritas em pins são pretinhas, chocalatinhas e lindas;)....


Comments:
Como sempre, é bom ver que continuas com ideias e com essa maneira de usar as palavras de forma tão cativante...
Obrigado...por as partilhares sem mas...
HS
 
ò nhá Nadia, castanha fumegante de névoas nocturnas. Quão belo é o teu dedilhar de ideias. Amei essa lisboa de outras eras, qual, Lisbon revisited, by Pessoa...
 
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