Monday, June 25, 2007

 

Uma Instalação # 1




#1

Para se escrever tem de se estar quente, esquecer o mundo lá fora e atirar pólvora ao que fica dentro da nossa cabeça.
Tem de se desenhar e montar uma instalação como que se em nós houvesse um corredor, uma casa e vários quartos que se espalham a partir de uma raiz qualquer.
Imagino uma instalação pintada de um azul marinho fusco e algo brilhante... alguns pedaços de espelhos partidos e dispersos ao acaso nas paredes do corredor. Pedaços que se debruçam e acompanham o sentido de todos os passos, gestos e deambulações dos que passam.
Entre esses espelhos tiras de papel vermelho e letras a preto, onde nada se lê... são apenas pedaços de letras que também giram de acordo com as orientações do espelhos e que formam palavras. Pegamos nessas palavras agaixamo-nos e no pavimento de madeira freios e riscas castanhas pedem para ser contados. Encontramos números e oferecemo-los ao silêncio, para mais tarde serem usados...
Passamos a um dos quartos e ouvem-se batidas de repercurssão…relembramos o número decorado e aí encontramos o número de batidas, as que condicionam as badaladas dos relógios partidos que servem de post- its nas paredes. Nos vidros dos relógios partidos lêem-se mensagens com o vapor da respiração.
Alguém debruça-se num dos espelhos e expira levemente ...talvez tenha decorado demasido riscas e freios castanhos que não lhe saem da cabeça e um barulho insurdecedor das baladas inibe de ler mensagens.
Ao fundo e tão sozinho vê-se um canapé castanho decorado com cachecois de todas as cores. Alguém senta-se e aquece-se com um deles, azul e rosa. Fecha os olhos e fala com os relógios partidos.

Ouvem-se sinos e espanta espíritos... adormece-se com a luz vinda de fora que desenha no chão uma nuvem em forma de feição que fuma uma cachimbo.
É de manhã, as pálpebras abrem-se ao som de uma palavra passe imbuída na teia do sofá que pede para acordar.
As manhãs custam sempre a habituar e todas as coisas parecem ainda mais novas e estranhas do que aquelas com que adormecemos.
Levantar e explorar.
Sair de um quarto.
Observa-se o lado direito da ombreira da porta, entre o verniz da madeira veios de água escorrem até ao fim da porta e surrateiramente embebedam o chão e o tornam mais dócil.
Mais uma especie de corredor, uma parede castanha clara e decorada com fios de lã de todas as cores, pedaços maiores ou menores de fios que juntos nos dizem " Bem-Vindos".

......

A ouvir: Devlins: Waiting

É verdade que já há muito que não me deixada dormir, sonhar no meu sofá...fiquei presa nalguns lugares mais desassossegados...mas parece que me consegui libertar;)

Comments:
E que bom que é quando te esparramas no teu sofá!
 
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