Wednesday, June 27, 2007
Uma boa noite... ao Som de ...Vancouver
E que tal deixar cair e escorregar o corpo rente ao chão, olhar pela janela, ver a calçada e nele desenhar uma coreografia como se arrancassemos todos os sentimentos em gestos?
Instalação # 2
Saímos e deu-nos vontade de correr entre as entradas dos demais quartos. Atiramo-nos contra as paredes, exploramos aquele sitio intermédio, ponto neutro entre os quatros que ainda nos faltava entrar...exploramos de quantas maneiras pudemos experimentar. Deixamos a palma invisível da nossa mão marcada nas paredes, deixamos o nosso corpo lentamente cair pela parede, despimo-nos e sentimos o frio e o rugosidade do chão enquanto sorriamos uns para os outros e nos imaginavamos outras pessoas.
Acabamos por dormir um pouco... Uns deitados, outros encostados nas paredes apoiados uns nos outros.
De um dos quartos ouve-se um zumbido e um de nos começa a assobiar. Compõe-se uma musica, é traçado um ritmo, mas nenhum de nós larga a anterior posição, continuamos sentados ou deitados. Estamos com medo. Estamos um pouco cansados. Naquele momento bastava bastarmo-nos uns aos outros.
Alguém tenta acender a luz, mas não consegue. O quarto não tem luz.
Uma boa noite....ao som de Elefhant Gun...
E que tal sentir folhas secas e pedaços de algodão a cairem por cima de nós...e apenas sorrir?...
Monday, June 25, 2007
Uma Instalação # 1
#1
Para se escrever tem de se estar quente, esquecer o mundo lá fora e atirar pólvora ao que fica dentro da nossa cabeça.
Tem de se desenhar e montar uma instalação como que se em nós houvesse um corredor, uma casa e vários quartos que se espalham a partir de uma raiz qualquer.
Imagino uma instalação pintada de um azul marinho fusco e algo brilhante... alguns pedaços de espelhos partidos e dispersos ao acaso nas paredes do corredor. Pedaços que se debruçam e acompanham o sentido de todos os passos, gestos e deambulações dos que passam.
Entre esses espelhos tiras de papel vermelho e letras a preto, onde nada se lê... são apenas pedaços de letras que também giram de acordo com as orientações do espelhos e que formam palavras. Pegamos nessas palavras agaixamo-nos e no pavimento de madeira freios e riscas castanhas pedem para ser contados. Encontramos números e oferecemo-los ao silêncio, para mais tarde serem usados...
Passamos a um dos quartos e ouvem-se batidas de repercurssão…relembramos o número decorado e aí encontramos o número de batidas, as que condicionam as badaladas dos relógios partidos que servem de post- its nas paredes. Nos vidros dos relógios partidos lêem-se mensagens com o vapor da respiração.
Alguém debruça-se num dos espelhos e expira levemente ...talvez tenha decorado demasido riscas e freios castanhos que não lhe saem da cabeça e um barulho insurdecedor das baladas inibe de ler mensagens.
Ao fundo e tão sozinho vê-se um canapé castanho decorado com cachecois de todas as cores. Alguém senta-se e aquece-se com um deles, azul e rosa. Fecha os olhos e fala com os relógios partidos.
Ouvem-se sinos e espanta espíritos... adormece-se com a luz vinda de fora que desenha no chão uma nuvem em forma de feição que fuma uma cachimbo.
É de manhã, as pálpebras abrem-se ao som de uma palavra passe imbuída na teia do sofá que pede para acordar.
As manhãs custam sempre a habituar e todas as coisas parecem ainda mais novas e estranhas do que aquelas com que adormecemos.
Levantar e explorar.
Sair de um quarto.
Observa-se o lado direito da ombreira da porta, entre o verniz da madeira veios de água escorrem até ao fim da porta e surrateiramente embebedam o chão e o tornam mais dócil.
Mais uma especie de corredor, uma parede castanha clara e decorada com fios de lã de todas as cores, pedaços maiores ou menores de fios que juntos nos dizem " Bem-Vindos".
A ouvir: Devlins: Waiting
É verdade que já há muito que não me deixada dormir, sonhar no meu sofá...fiquei presa nalguns lugares mais desassossegados...mas parece que me consegui libertar;)